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  • RafaelCiampi

LEVANDO O LIXO PARA FORA ...NA PANDEMIA

Finalmente, depois de tanta espera, depois de tanto tempo de confinamento, chegou o grande dia e poderei usar uma desculpa para dar uma saidinha de casa. Tenho que levar o lixo para a lixeira que fica do lado de fora da nossa casa.


 

Finalmente, depois de tanta espera, depois de tanto tempo de confinamento, chegou o grande dia e poderei usar uma desculpa para dar uma saidinha de casa. Tenho que levar o lixo para a lixeira que fica do lado de fora da nossa casa. Afinal de contas, é muito importante levar o lixo para fora sempre que o cesto enche (apesar de o conceito de cheio estar um pouco ... vazio, nesse caso).


Depois de refletir sobre a dualidade entre levar o lixo para fora num saco muito vazio e desperdiçar plástico, num momento em que o plástico já está embalando o planeta, literalmente; ou deixar encher bem, mas perder a oportunidade de dar uma fugidinha (como é difícil inventar desculpa para sair de casa quando não se tem um bar para encontrar os amigos, ou uma pelada, no fim de semana – percebeu meu desespero?), como sempre, usei a sensatez. Está cheio e há mais de dois dias, tem que ir para fora.


Oba! Fui tomar banho, peguei minha melhor roupa. Pensei em fazer a barba, mas achei que esse visual meio desleixado, que talvez algum vizinho confunda com “O Náufrago”, daria um ar de roqueiro que é bom manter, mesmo já tendo pendurado as palhetas.


Tudo pronto! Uma certa ansiedade surge e fica aquela sensação de que estou esquecendo algo, ou de que não é o dia certo, ou que eu estou saindo cedo demais (tá bom, confesso! É muita ansiedade!!).


Depois de conferir no celular, data (dia do mês e da semana), horário e repassar todo o trajeto, não tanto pelo cuidado, mas para já ir saboreando o momento, que será tão breve, lembrei de pegar a chave do portão. Além de abri-lo ao sair, que seria fundamental para a conclusão do feito, porque não dá para jogar o saco de lixo por cima do muro (na verdade, dá. Não é tão pesado, mas eu teria que pegar outro saco de lixo e varrer toda a calçada, na frente da casa, depois da explosão de lixo que eu causaria com o arremesso, dentre outros detalhes, que nem os parênteses me animam a descrever), o motivo principal de ter lembrado da chave (principal, não o único, como explicado) é porque eu li o conto “O homem nu” do Fernando Sabino, que conta as peripécias de um cara que não presta atenção ao sair de casa sem a chave (essa descrição é mínima e nada fiel ao texto, ao qual recomendo. Se tiver preguiça de ler, tem filme. Se a preguiça for muita, fique tranquilo, o filme é brasileiro, não tem nem que ler legenda). Tenho uma verdadeira paranoia de sair sem as chaves, embora a porta seja razoavelmente pesada, sempre acho que uma leve brisa, pode me trancar do lado de fora.


Para não sair com a chave, já que estarei com os sacos de lixo nas duas mãos e não tenho bolsos (a descrição da roupa, acima, foi um pouco exagerada. Mas é a verdade! Juro em nome de Luís Fernando Veríssimo), deixo a chave na fechadura, do lado de fora e assim, se o vento, ou qualquer outro infortúnio, como terremoto, vulcão ou tsunami (já viu no cinema?!), fechar a porta, pelo menos terei como voltar para dentro de casa (se bem que na maioria desses casos, talvez não haja casa para voltar, mas isso é caso para uma outra crônica...).


Lixo devidamente instalado na lixeira. Colocado cuidadosamente, para manter o equilíbrio estético da rua e, ao mesmo tempo, facilitar a vida do nobre lixeiro, que passará apressadamente em breve. (confesso que senti vontade de passar um paninho, naquele pingo de água que escorreu, mas achei que seria preciosismo). Olhando em volta, percebi que a calçada estava um pouco suja, precisando de uma organizada.


Fui para casa, peguei os sapatos de festa, comecei a engraxar e pensei: amanhã vou varrer a frente da casa!

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