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  • RafaelCiampi

SAPIENS, A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O ALGORITMO

O meu novo smartphone pergunta se a lanterna pode acessar minhas informações de contato. Pede permissão para fazer ligações. A lanterna!!! A lanterna???


 

Tenho pensado um pouco sobre essa coisa de estarmos tão intensamente ligados aos desígnios do algoritmo, dessa inteligência artificial.

Sou do tempo em que inteligência artificial era usada para fazer piada, referindo-se a uma loira que pintava o cabelo de outra cor. Sei que a piada é horrível, datada, sexista e preconceituosa, mas não sei se é pior do que perceber que vivemos atrelados aos mandos e desmandos de um código de computador gerado por empresas que comandam todas as nossas decisões.

Se é tão inteligente assim, porque retém tanta informação? Por que tantas confirmações? Por que tantos detalhes? O meu novo smartphone pergunta se a lanterna pode acessar minhas informações de contato. Pede permissão para fazer ligações. A lanterna!!! A lanterna??? O pior, se eu comentar isso com alguns amigos, ouvirei coisas como: “Ah, é assim mesmo” ou “Deixa de ser velho” (como se fosse possível, pegar uma caneta, um corretivo e trocar o ano do meu nascimento. O dia e o mês podem ser mantidos).

Todas essas informações estão retidas em um enorme banco de dados que provavelmente sabe o que estou escrevendo agora, ou pelo menos saberá quando publicar, e vai cruzar essa informação a um monte de outras para determinar diversos detalhes em nossas vidas. Tanta informação pessoal na mão de tão poucas pessoas.

Cadastros intermináveis com perguntas que nada têm a ver com os nossos objetivos – o exemplo da lanterna é o melhor. Esse banco de dados, aliado a um processador que consegue fazer cálculos milhões de vezes mais rápido, sem esquecer nada, não me cheira a coisa boa. Quando Orwell previu o problema, ele nem conseguiu imaginar uma tecnologia tão avançada quanto a que nos cerca atualmente. Pelo menos não a descreveu.

Não é o caso de uma conspiração, mas de um domínio muito amplo. Sempre que eu assistia a filmes de ficção, principalmente os que narravam um apocalipse tecnológico – algo como domínio das máquinas, como em “War Games”, dos anos 80, ou o mais moderno, e complexo, “Matrix” – sempre havia a oportunidade de desconectar o cabo, “pull the plug”, mesmo que a trama não caminhe para essa solução. Agora, está surgindo uma tecnologia que é capaz de transmitir energia elétrica sem conexão física... e lá vamos nós nos preparando para nos ajoelhar diante desse novo “Frankenstein” que, com ainda menos humanidade, não remará para confins desabitados do planeta, para não continuar a incomodar a todos.

Enfim, temo pelo pior, não sei onde vai parar (não vai parar, né?), mas fujo o máximo que posso desses cadastros. Fica muito caro pegar promoções gratuitas na internet. E o pior é que me flagro “entregando o ouro” diversas vezes, sem prestar atenção. Quando percebo, lá se vai meu endereço, telefone, nomes do pai e mãe, cpf...

Não sei você, mas eu sinto falta da minha privacidade.

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