top of page
  • RafaelCiampi

CHEIRINHO DE ALMOÇO

Sentir que a aula está acabando por causa do cheiro do almoço que começa a surgir, nos últimos minutos da manhã. Aquele cheiro do refogado para o arroz, para o bife, que invade o ambiente e é levado por toda a quadra.


 

Estou lendo o jornal e uma matéria fez alusão ao cheiro de bife. Lembrei dos tempos em que morávamos na asa sul (102). Eu, ainda pequeno, vivia o estilo de vida da época que talvez seja difícil explicar para uma criança, atualmente. Principalmente de outras cidades.

A escola ficava na própria quadra, o que significava um trajeto bem pequeno e num roteiro “doméstico”, onde só havia pessoas conhecidas. Senhoras na janela, porteiros, funcionários da banca, pais, mães ou responsáveis, com os seus protegidos, passeando. Indo, voltando, ou brincando no parquinho. Enfim, um tempo de paz que não existe mais. Pelo menos, não “como era antigamente” (está entre aspas para especificar que o pleonasmo “era” “antigamente” não é meu).

Atualmente, moro num condomínio horizontal (de casas) e isso tem uma série de benefícios, mas é uma realidade oposta a tudo que acontecia na infância. Sentir que a aula está acabando por causa do cheiro do almoço que começa a surgir, nos últimos minutos da manhã. Aquele cheiro do refogado para o arroz, para o bife, que invade o ambiente e é levado por toda a quadra. Espalhando o gostoso aroma em toda a região. “Cheiro bom de almoço, antes do almoço. Depois de comer dá enjôo” – alguns diziam, se reportando àquela sensação ruim de sentir cheiro de comida sendo preparada, ao acabar comer.

Muito gostoso lembrar de uma época em que tínhamos que ser precisos com os horários, mas não portávamos relógios, nem toda essa parafernália de dispositivos que mostram, entre outras coisas, a hora. O cheiro do almoço mostrava, quando não estávamos na aula, que era hora de irmos para casa. O pôr do sol, no final da tarde, era o alarme de retorno vespertino para casa, já que o cheiro do jantar não era tão extensivo como o da manhã.

Enfim, dá para ficar aqui, lembrando com nostalgia, do cheiro do café, indicando a hora de levantar, nos dias de semana. Nos domingos de sol, era a orquestra tabajara, que me despertava. Interessante observar que há como ser cuidadoso com detalhes sem que tenha alguém, ou algum robô nos mostrando a cada instante o que devemos fazer. Dá para saber o que fazer sozinho. Acredite. Conselho é bom, mas só você sabe o que é melhor para você.

8 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page