FRANGO LISTRADO (CRÔNICA)

Nova crônica...

Cortei o frango. Passei um tempero e deixei ali. – Não vou dizer que ele estava descansando, porque não achei a cena o que considero descanso. Principalmente, depois de ter metido a faca no bicho todo.

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Resolvi fazer uma comida diferente. Pensei em fazer um frango xadrez. Apesar da possível complexidade do preparo, para fazer em casa, só para mim e para a minha esposa, pareceu coisa simples.

Não quis pesquisar nenhuma receita, pois sei que existem temperos específicos, seria complicado sair para comprar um monte de ingredientes, já está na hora de preparar o rango. Vou inventando. Se não der certo, tudo bem.

Cortei o frango. Passei um tempero e deixei ali. – Não vou dizer que ele estava descansando, porque não achei a cena o que considero descanso. Principalmente, depois de ter metido a faca no bicho todo. Foi triste. Até chorei.

Aí, lembrei das cebolas. Peguei um monte. Umas 3 ou 4. Um exagero se eu estivesse cozinhando alguma coisa mais tradicional. Talvez até o seja, se observarmos uma receita tradicional do prato em questão. Como alho e cebola aqui em casa nunca é demais, deixei assim. Se não ficar muito bom, pelo menos tem muita cebola. Cortei grosseiramente. Na verdade, eu fui gentil com a faca, desconsiderando que eu estava enfiando-a no bucho das pobres cebolas. O “grosseiro” foi para indicar que deixei pedaços grandes.

Joguei na panela (lembra do grosseiro?). Deixei ir (assando ou fritando? Tem óleo, então é fritando, mas sei, pois já vi antes, que a cebola “derrete”, não fica com aspecto frito) preparando na panela.

Enquanto a cebola fri... ass... coz... vai preparando, fiz uma lista mental, o que eu me lembrava de quando fomos a restaurantes chineses, que tem no prato e fui conferir o que tinha da geladeira:

- pimentão – cismei que tem pimentão nessa receita. Mas não tenho certeza.

(X) NÃO tem na geladeira. (nesse caso, um problema a menos);

- cenoura –tem na receita? Agora, que estou formalizando fiquei com dúvida. Sabe aquela hora da prova é (a) ou (d)? Vou marcar FALSO, mas vou ficar torcendo. (X) NÃO tem na geladeira. Problema resolvido!

Ué, essa geladeira está vazia, - o pessoal de Juiz de Fora esteve aqui, recentemente? - O que foi que aconteceu? Ah! Hoje é quarta-feira, eu tinha que ter ido à feira, por isso, o estoque está no fim. Não dá mais. Fiquei escrevendo e esqueci de ir ao mercado.

Bom, não dá para cancelar o pedido, a cebola já está ficando (?) ... (??) ... pronta. O frango já está descongelado e fora da geladeira, no tempero que tem sal. Se ficar muito tempo, eu vou estar no sal.

Frango com cebola, então? ALGUÉM CONTRA? MANIFESTEM-SE! Cacau, tudo bem para você? Um latido para sim. Dois para não. Não, Cacau. Só um, ou dois. Já foram 8.. 11. Comece de novo. Cacau? DIVERSOS LATIDOS É SIM, OK? – está bom, agora chega, meu cérebro já está derretendo...

Taquei o frango na panela, misturei bem, para dourar igual. Que bom que ele reage corretamente, e não como a cebola. Lembrei que vai molho de soja (mas eu pensei nessa marca mesmo, que você está pensando), e coloquei um tanto bom. Pronto. Só servir. Mas só à noite, quando a Márcia chega. Oi, tudo bem? Como foi seu dia? Tem frango... listrado...

Um dia estava, eu, diante de uma estampa xadrez e tive a seguinte epifania. O xadrez é, na minha visão leiga, masculina – desculpe se eu estiver agredindo algum especialista –, um conjunto de listras, horizontais e verticais.

Imagino – e não pesquisei isso, também. Estou rebelde, hoje – que a nomenclatura deve vir do tabuleiro de xadrez. Imagine um conjunto de listras brancas e pretas, perfeitamente alternadas e sobrepostas perpendicularmente. Vai ter que imaginar uma trama, junto. Uma parte que passa por cima e por baixo das listras com as quais está cruzando.

Se você tirar uma parte dos ingredientes da estampa xadrez, você tem o listrado. Como não tinha tudo para o frango xadrez, frango listrado.