O QUE NINGUÉM PODE FAZER POR MIM

Quando eu era mais novo – ou bem menos velho, se preferir – o meu avô tinha por hábito dizer que alguém “está fazendo alguma coisa que ninguém pode fazer por ele”, quando alguém perguntava por um terceiro que estava no banheiro...

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Quando eu era mais novo – ou bem menos velho, se preferir – o meu avô tinha por hábito dizer que alguém “está fazendo alguma coisa que ninguém pode fazer por ele”, quando alguém perguntava por um terceiro que estava no banheiro – talvez eu devesse ter usado aspas nesse caso “estava no banheiro” –, dito como um eufemismo para o ato em questão. O mais interessante é que esse atenuante era referente a idas específicas ao banheiro (acho que as aspas seriam pertinentes, aqui também).

Percebi que, no final das contas, tudo o que consigo lembrar agora, que fazemos no banheiro, ninguém pode fazer por nós. E, pensando melhor, muitas coisas feitas fora do referido recinto também só podem ser feitas por nós mesmos. Daí, hoje, ante à resposta do meu avô:

- “Ele está fazendo uma coisa que ninguém pode fazer por ele!” – eu, atualmente, perguntaria:

- O quê? Tomando banho? Cortando as unhas? Almoçando? Estudando para concurso? Malhando? Dormindo? Escrevendo uma crônica?