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  • RafaelCiampi

SECURA, SECA, SEQUIDÃO, ARIDEZ

Todo ano é a mesma coisa, chega nessa época, fica muito seco, quente e abafado (?!?) e começamos a desejar a chuva. O calor que precede a “estação das águas” é sempre tão intenso que chego a acreditar que a chuva aumenta o calor, para nos obrigar a desejar muito a chegada dela.


 

Agora, no fim de setembro / início de outubro, aqui em Brasília, sofremos com o calor (não apenas os brasilienses) e com os efeitos da baixa umidade do ar. Essa época do ano, aqui no cerrado, é o único momento em que podemos experimentar a sensação de abafamento, na seca (você só vai entender se estiver por aqui, nessa época).

Com isso em mente, penso nesse calor intenso, que nos assola e no desejo de ver a chuva, para refrescar e umidificar o ambiente (mas um bom brasiliense logo reclama da chuva, o que acontece logo que ela começa). Aí, penso no termo “secura” e me vem o senso comum, aquela gíria, que remete a uma vontade muito grande: “estou com a maior secura de” (inclua aqui seu desejo).

Todo ano é a mesma coisa, chega nessa época, e começamos a desejar a chuva. O calor que precede a “estação das águas” é sempre tão intenso que chego a acreditar que a chuva aumenta o calor, para nos obrigar a desejar muito a chegada dela. Ela só cai, se estivermos muito firmes nos nossos pedidos de fim da seca. Ao ponto de, talvez, exigir um ritual de sangue. Porque se fosse apenas desejo, já tinha chovido.

A coisa é tão séria que acho que o brasiliense, de certa forma, cumpre a tal (suposta) exigência, quando oferece o sangue de vários membros da sua comunidade, no ritual chamado: “epistaxe”. A cerimônia do sacrifício é realizada em grupos, sem definição de tamanho, ou isoladamente. O escolhido (calma, não há a necessidade de revelar detalhes sensíveis, ou de foro íntimo. Pode ser qualquer um) é convocado pela chuva, talvez. Ele tem sua cabeça erguida e com uso de um pano, algodão, ou em alguns casos (com pessoas mais acostumadas), um pedaço de papel higiênico é suficiente. Ele permanece com a cabeça virada para cima e nunca deitado. Apenas recostado, ou sentado, sempre com a cabeça acima do corpo, em repouso. Permanecerá nessa posição por algum tempo (até que o ritual se conclua) e em poucos dias a chuva começa. Em alguns casos, o escolhido é ordenado a realizar o sacrifício mais de uma vez. Existem relatos de que vários membros da comunidade de moradores da capital federal se veem obrigados a fazer o sacrifício, para evitar o aumento da temperatura e da redução da umidade relativa do ar.

Ops... Peraí... deixa correr, pois acabei de ser escolhido para o ritual.

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